segunda-feira, 1 de maio de 2017

Anjo

Aonde é que vamos chegar assim? Aonde é o fim do caminho!? Um lugar sempre impossível de se enxergar...um lugar do qual devíamos nos esquecer enquanto caminhamos e ainda assim, enxergar. Contradições. Cobranças. A vida. Outro dia Daniel se foi... porque nos preocuparmos com problemas sem solução!? Porque deixar que as ocupações nos afastem de quem amamos!? Porque há maldades na vida, que deixamos nos desanimar!? Outro dia, Daniel se foi...Daniel esteve aqui, todos os meus dias antes disso. Daniel era um amigo presente, sempre que possível ou se desse uma insistida pra mostrar que eu me importava. Daniel era um amigo que eu podia ter todos os dias na minha vida, e as vezes deixava que fosse só alguns...Tive Daniel todos os dias. Tive Daniel com a distancia, com as saudades. O tive com o desespero e o medo de perder, e com a calma de o ter morando à minha frente, indo todos os dias um ao outro saber como está. Tive e me afastei diversas vezes. A vida, um processo desgraçado que me pegou me afastou meses, mas me trouxe de volta. Só o que ainda não sei, é não ter mais ele. Não ter na ausencia, não ter na presença, não ter na chamada de telefone quando ele estava chateado comigo que demorava pra atender. Como não sei não ter, optei por te-lo sempre na saudade. Saudade que me machuca e me dá força. Saudade que me traz um pouquinho do que ele foi, e ainda é vivo dentro de quem o ama. Saudade essa que me faz perguntar, por que perdemos tempo!? Porque deixamos a vida nos afastar, se as vezes o que mais queremos é estar perto? Porque? Porque deixamos problemas consumir? A vida é um sopro...Até outro dia, Daniel tava aqui. E se ele me ligasse eu iria encontrar como sempre, e se eu ligasse, ele me encontraria. Não nos ligamos o suficiente. Por mais amor e atenção que houvesse, queria ter insistido mais. Queria ter ligado mais. Não devia ter por vezes, apenas esperado. Por horas, contado com a hora mais ''conveniente'' pra nos encontrarmos. Não importa se ele estava em copacabana e eu na barra, ele em jacaré pagua e eu no humaita. Eu e ele estávamos aqui. Podia ter ido mais ao seu encontro...Podia ter me preocupado menos com outras coisas. Podia...Posso...Vou. O Daniel não vai ser só uma saudade que acumulou, vai ser a força de mudar. O Daniel um dia me disse que eu poderia voltar a ser a mulher forte que ele se orgulhou. O sorriso dele me dava essa força. A sua saudade vai manter ela mais viva do que nunca em mim. A perda pode nos afundar ou nos salvar. Eu prefiro acreditar que Daniel foi um anjo, um amor, um amigo, uma lição. Foi o que será sempre presente, mesmo ausente em matéria. Uma razão pra eu ter forças. Lembrar que ele próprio sempre me obrigou a ter. Nunca passou a mão na minha cabeça. Nunca. Mas por vezes se pos a minha frente pra me defender. A força que crio hoje, vem da saudade de um amigo. E a vida que me surgirá amanha, eu vou aguentar como for.
B.F.






terça-feira, 14 de julho de 2015

Berço do Mar

O meu berço é só mar
Se me esqueço
Ô meu rio
Não me esqueça de lembrar
Me arranca esse vazio
Me deixa mergulhar
Deslizar nas suas águas
Endireita as minhas mágoas
Pra nunca mais me atormentar
Nesse rio sou capaz
De nascer e me encontrar
Reinventar tudo o que tinha
Entardecer nas minhas praias
Desde pequenininha
Sempre foi a minha laia...


quarta-feira, 8 de julho de 2015

História que se Fazia

Dia chuvoso,
O futuro é perigoso
Até no escuro
Do esgoto
Dá pra ver nascer uma flor
Se quiser amor,
Pode ser só poesia
Um tempo atrás
Ainda se fazia
Tão fácil fantasia..
Só com o vento se levava
Todas as agonias
Hoje visto minha roupa,
Invisto
Em tantas ideias tolas
Que negócio é esse?
História é coisa séria
Não é só interesse
O que preciso pra memória
Que não se esquecesse
É o sorriso de agora
só esse..

Janela dos Fundos

Da janela dos fundos
Sou capaz de ver o mundo
Sobre tantos problemas
Me salvou pelos cantos
O meu lado sonhador
Sem mais nada na cabeça
Me encho de amor
Antes que esqueça 
Planejo algum plano sem pudor
Festejo a vida e me sinto inteira
Sento na cadeira e me pego a escrever
Tudo sai de supetão
Não tenho um jeito certo pra ser
Nesse verso ignoro meus defeitos
Faço do incerto nostalgia
Pra resgatar minhas breves fantasias
O vento leve me dá esperança
Nos meus olhos 
Me encontro criança
Pronta pra uma aventura
Me livrando de qualquer sensura
Uma proza, um Conto
Estampado na cara
A vontade de fazer o que quiser
Da Janela dos fundos
Ainda vejo os desejos mais profundos
Escondidos na penumbra
Esperando que não os ache nunca

Não era Primavera

Dia de chuva,
Nas poças me cruza
Um barquinho de papel..
A maresia me usa
O céu chora gotas tão azuis
Agora fundo ,
Dá pra ver as nuvens
surgindo uma luz
Eu da janela olhando,
choveu
Nasceu uma flor amarela
Em um instante... sem dar trela
E não era primavera
Era amor vadio
Era carioca, sem pudor 
Do tipo que retroca
Era ardor as palavras que sentia
No rio
Em cada esquina uma poesia
Por um fio
Nos olhos de uma menina

Tiro Certo

Sou voyeur do Rio,
mulher do mar
sempre no sio
quando ao seu lado ficar
Pelas ruas, esquinas
pelas minhas contas a lua
Já me fez sua menina
do sol do verão
as chuvas do nosso inverno
Deixa eu deslizar nas suas curvas,
até tirar o seu terno
Deixa que eu coço suas costas,
do jeito que gosta
e te vendo dormindo...
tão lindo o meu homem
o Cristo sorrindo
Poesia de bicho!
fantasia que me consome
Tiro em certo do amor
o meu nome no seu
inteiro, concreto
como o Rio de Janeiro escreveu nesse verso

terça-feira, 7 de julho de 2015

Promessa

A arte que eu faço
Vai saindo de algum pedaço
De mim
Sem qualquer lei
eu não sei nem
Se é tão bom assim
Arde na pele
Uma onda que bate e interfere
Num cotidiano
Que já vai saindo dos planos
Há tantos anos
Cumprindo a promessa
De que nada me impeça
Que nunca se meça
Palavras pra serem caladas
Seja sempre voz que grite nos ouvidos alheios
Com versos cheios
De verdades que se precisa saber
Porque não basta tá vivo
O que é preciso
É viver

Faísca

De repente,
dos olhos se desfez a ultima chama
Desejos não sao sólidos
não faça disso um drama
Se eu cai em feitço
enchi seus olhos dos meus
Se eu sofri, 
ou fui feliz
O que importa
Eu quis assim
nada se perdeu
Mas se eu voltar arrependida
abre a porta pra essa pobre bandida
E vem direto ate mim
Eu não sei ao certo, 
o que cobre meu corpo e enche minha boca
Mas a faisca de paixão contida
fechada nas minhas mãos
Me deixa louca..

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Desfaço

Sei que o sol não vai descer
até eu entender
E se quiser me desfazer
Desfaço
As vezes eu me perco em um abraço
ou em qualquer coisa mais simples
Na frente do mar
Eu posso sentir os timbres,
fugir pra qualquer lugar
Não existe dia seguinte
Quando se pode sonhar
Socorre os sonhos que não pude realizar..
Se ilude sem razão,
Quem pode viajar
pela sua própria mente e se salvar!
Sem seguir essa nação indecente,
que tenta te levar..
Então sente,
que a poesia vai transbordar
Pela borda da minha roupa
Até sua mão se sentir solta
pra se libertar..

(Fotografia: Rafael Vaz)

sábado, 13 de junho de 2015

Sangue do Samba

No samba do Cartola
Nos versos de Vinicius
Eu fiz a minha cola
Desde o início
Indo pela corda bamba
Pelo caminho mais difícil
Meu sangue é do samba
Na gangue dos sozinhos
Eu tento o bastante
E faço até protesto
Abraço o meu pedaço que ainda presto
Largo o resto
Saio correndo
Vendo a tarde linda morrer
Ardem palavras soltas
Batidas ocas do coração
Quando cansado
Ele acha que só o passado
Já é bom..